Hoje pela primeira vez usei máscara de proteção por conta da Covid19.
Que sensação estranha! A minha respiração não conseguia seguir seu curso normal.
Lembrei que ouvi de um jovem admirável, que a mãe terra Gaia, assim conhecida pela
mitologia, não respira direito há um bom tempo. Acho que me senti um pouco Gaia.
Penso como deve ser para Gaia, que tanto nos oferece com sua riqueza natural, sua vegetação,
sua terra que nos nutre e seu amplo território. Terra que permite tantas construções e moradias, que nos
abriga e nós seres humanos, que temos o poder de sermos tão criativos como destrutivos.
Penso quantas coisas incríveis somos capazes de fazer, penso na bailarina que com sua dança
nos surpreende e encanta, penso em tantos outros talentos musicais e artísticos.
Penso nas guerras, na ganância, no desmatamento, nos lixos, nas queimadas e no preconceito.
Em como ideais humanos destrutivos trazem consequências irreparáveis.
Penso que existe uma outra máscara em todos nós, que venda nossos olhos.
Que cegam alguns e a outros permitem lampejos de luz, mas que a escuridão prevalece.
E retorno a reflexão que aquele jovem admirável deixou em mim. Que nesse momento atual
estamos sem ar, seja pela doença em si ou pelos medos que nos acomete.
Nos faz ficarmos mais reclusos, mas quem sabe reflexivos.
Quem sabe, nesse momento onde tivemos que desacelerar o ritmo cotidiano e fomos
forçados a encontrar novas formas de viver, possamos parar e refletir.
Quais são as nossas escolhas na vida? Que tipo de vida estamos levando?
Quem sabe com tudo isso possamos encontrar um ar novo, limpo, íntegro e verdadeiro.
Quem sabe possamos agradecer a Gaia, por tudo que nos proporciona e, a partir de novas
atitudes, permitir que ela respire, com todo o seu potencial de vida. Quem sabe?